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Por que continuo crente em 2021?

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Crente, evangélica, protestante, cristã. Vario no uso dos termos quando nomeio a minha fé. O mais importante para mim é comunicar que eu busco seguir a Cristo. Aquele que atraiu meu coração no meio de um contexto já religioso. Aquele que se revelou a mim por meio do Espírito Santo e que abriu os meus olhos espirituais para que eu pudesse enxergar como eu estava sem ele e o quanto necessitava dele.  Cristo, aquele a quem pude conhecer mais profundamente nas Escrituras. E me refiro a elas em sua totalidade, Antigo e Novo Testamento. Enfim, essa é a minha fé.Há muito mais que eu poderia falar sobre essa fé. Mas, às vezes, em uma conversa rápida, vem a pergunta objetiva: Você é crente? Você é evangélica? E, quando posso, além de responder que “sim”, adiciono uma explicação do que isso significa.  A vontade de acrescentar alguma explicação vem da dúvida do que aquela pessoa entende por ser crente ou evangélico hoje. São tantas igrejas e tantos caminhos teológicos percorridos. Com algumas eu

A vovó, o doutor e o google

Eis um resumo do que é a vida, especialmente para as mães de primeira viagem: vovó, doutor e google. Não necessariamente em ordem de importância. A era digital fez a sua bagunça na maternidade também. Há tempos atrás, tudo o que uma mãe tinha de recursos para cuidar de seu bebezinho era o papel de orientações do pediatra e a farta e preciosa experiência da avó. Há tempos ainda mais atrás, nem médico havia, só mesmo a vovó. Então o futuro chega e nem nos damos conta de como tudo mudou. Até que aquelas pessoas que estão há mais tempo por aqui nos lembram de como é diferente hoje do que foi ontem. Um exemplo clássico para esse conflito de gerações é a chegada de um bebê na família. Uma criança, geralmente muito querida, mesmo antes de chegar já pode gerar muitas expectativas. E quando chega, que felicidade! Para os pais, uma realização. Para os avós, a dádiva de curtir os pequeninos com mais leveza nesse novo estágio da vida. A atmosfera é de alegria, até que a mamãe chega da maternid

Vem criança

Nasce uma criança Nasce uma mãe Nasce um pai Nasce avó, avô, titios, primos Nasce amor farto gratuito inédito e bobo que faz careta, voz fina e gugu-dadá Vem criança aqui nesse mundinho você tem lugar Vem criança Vem que a gente precisa do seu olhar para se encantar do seu toque para atenuar da sua risada para aliviar da sua vida pra poetizar Você é bem vinda, minha pequena Você faz o amor se multiplicar [Para a minha sobrinha Manuela. Pois é, eu sou titia dela.]

Ela é

Maravilhar-se ainda é algo ao qual quer se apegar. Mas agora parece tão distante, abstrato. Tão diferente de uma vida concreta como a que tem hoje. É concreto o cachinho dourado. E também são concretas as fraldas, lenços umedecidos e o cheiro do cocô. Os brinquedos nos quais tropeça. Os gritos, os choros. A comida deixada no chão. O abraço. O beijo molhado de baba. As primeiras palavras. As birras já não inocentes. Em um mundo de concretudes ela é resistente e ainda mantém guardada, às vezes tão escondida que perdida ou esquecida, a esperança do maravilhar-se. Inclusive e talvez principalmente, ela espera ver a maravilha em meio a esse concreto. Em forma de cachinhos com suas curvas arquitetônicas refletindo o brilho do sol que entra pela janela. Em forma de fraldas sujas acompanhadas com a gratidão de que vai tudo bem.  Dos brinquedos que colorem e preenchem a casa e a fazem aceitar a bagunça da vida. Dos gritos e choros que terminam por amolecer seu coração. Da comida

Rastro de flores

Lá estava o palito com os dois tracinhos à mostra. E lá estavam os mais novos pai e mãe com as caras de surpresos, felizes e assustados tão comuns nesse momento. - "Agora é para valer, estou mesmo grávida!" Era dezembro de 2013. Um misto de emoções morou em meu coração nos próximos meses. Uma felicidade que me fazia enxergar o mundo mais rosa. Afinal eu teria uma menina. E não minto ao contar: por uma feliz coincidência as árvores com flores rosas deixavam seus rastros pela rua em que eu caminhava diariamente. Era um lembrete tão singelo de que alguém estava chegando para deixar o meu caminho mais bonito."Eu vou ser mãe!" Por outro lado um medo pesado da responsabilidade já estava sobre mim. Nos próximos anos, Deus me usaria como um instrumento para cuidar de um ser extremamente dependente de mim e do meu marido. "E se eu não der conta? E se eu falhar? Será que consigo?"As interrogações povoavam a cabeça. Ai ai ai, "Eu vou ser mãe!" No meio

A gaveta

Há uma gaveta Lá naquela mesa velhinha Cheia de pó Estão lá tudo o que um dia escrevi de ruim e de bom E também o que foi escrito apenas na imaginação No reino da gaveta só há uma regra Tá escrito? Pode entrar Mas o que fazer para sair do reino É difícil explicar Há dias de euforia  Neles, alguns conseguem alforria Há dias de crise Então é como se o mundo lá fora não existisse Para aquelas folhas reais e imaginárias, o fundo da gaveta parece, por vezes, acolhedor "Aqui é mesmo o meu lar", algumas dizem Mais há as que se sentem peregrinas "Não pertenço a esse lugar"  Elas me chamam "Ei, quando você vai me desengavetar?"  

À caneta e lápis

Há quem seja caneta Traço firme Cores fortes Não é desapercebido o errar e o acertar Há quem seja lápis Escreve, apaga Ora é forte, ora é fraco Menos arriscado Dá pra disfarçar Tem dias que sou caneta É tudo definitivo É certeiro E se errar, errei e pronto Que vejam o liquid paper E a evidência de que não acertei Ah, mas tem dias que é tão bom ser lápis Me deixe aqui no meu canto Eu erro, mas apago Eu acerto, mas quem saberá? Se foi de primeira, de segunda, de terceira... Pouco vai importar Para alguns só vale escrita de caneta Outros aceitam à lápis Proponho uma nova reforma Deixe eu ser lápis Deixe eu ser caneta Deixe eu errar, acertar, arriscar, me esconder, me mostrar, apagar Deixe eu viver, escrever, poetizar